Todos já sabem que amo pessoas velhas. Sou uma apaixonada
pelo envelhecimento humano e tenho debruçado meus estudos e prática
profissional nesta área a muitos anos.
Não posso dizer que sou uma estudiosa da temática (apesar de
todo conhecimento adquirido), mas posso dizer que sou uma feroz militante da
causa.
Acho que o primeiro amor pelo idoso veio através de meu pai, que já passados dos 50 anos me teve e
por isso, na minha vida adulta convivi com ele já velhinho. Eu o amava muito.
Depois meu grande encontro com a velhice, com o
envelhecimento humano se deu ainda na graduação quando fui bolsista do CNPq
numa pesquisa sobre o tema. Foi neste período que meu grande mestre e hoje
amigo, me fez apaixonar e brilhar meus olhos para os velhos e toda a
complexidade do assunto que envolve o envelhecimento humano.
Acho graça, quando sempre me perguntam como posso ver beleza
na velhice. Perguntam-me ; “Como você pode achar bonito rostos enrugados?” Eu
Vejo beleza. Vejo histórias, vejo sabedoria, vejo gente, vejo construção, vejo
beleza de estórias vividas. Acho linda uma cabeleira branca, um rosto
enrugadinho com um belo sorriso nos lábios. Vejo muito mais alegria e prazer em
viver quando corpos doídos dançam e se alegram da vida.
A velhice é uma construção social. O imaginário social do
que é ser velho nos faz perceber e viver nosso envelhecimento conforme nossas
crenças e influências sócio-culturais.
Posso ser um peixinho fora d’água na sociedade que vivo, mas
sei que não tenho medo de envelhecer e que gosto das ainda poucas rugas, de
futuras muitas que terei.
No ciclo da vida só não envelhece quem cedo morre.
Lê Gomes